Novo álbum dos Bon Jovi foi o pretexto para a entrevista ao JN
Bon Jovi têm novo álbum, "The circle", que surge acompanhado por um documentário e por um livro. Líder da banda norte-americana revela que não tem problemas em lidar com a faceta comercial da carreira.
Os Bon Jovi têm um novo álbum, "The circle", publicado recentemente. O CD inclui um DVD, com um documentário sobre a banda. O "Jornal de Notícias" falou com o grupo, em Londres, Inglaterra, por onde passaram para em tarefas de promoção. Mais demoradamente com o líder, Jon Bon Jovi. De forma mais sucinta com Ritchie Sambora, braço direito de Jon, e Tico Torres (ler texto na página ao lado). Ao fim de 25 anos, o cantor declara-se à vontade com tudo que rodeia o negócio da indústria musical, mas salvaguarda que o mais importante é a arte. De resto, assume que esta é a sua vida e que não sabe fazer mais nada.
Os Bon Jovi já venderam milhões e milhões de discos, já tocaram diante de plateias em todo o Mundo. Podiam ter desistido há muito tempo. O que é que ainda vos mantém interessados na música?
Simplesmente, a ideia de o podermos fazer de novo. Quando se tem algo a dizer e se está entusiasmado, quer-se sair pelo Mundo e promover essa ideia. Mas nunca o fiz pelo dinheiro ou pela fama. Fi-lo pela arte. Pela paixão que tenho por escrever canções e, quando essas canções tocam as pessoas, no nosso caso, por mais do que uma geração, sentimo-nos tão abençoados. E por que não continuar a fazê-lo se conseguimos continuar a ser relevantes? Porque isto é o que fazemos, é o que sabemos fazer. Não sei fazer sapatos, não sei como fazer mais nada. Esta é a minha profissão.
Aos 47 anos, ainda consegue ter milhões de mulheres que pagariam fortunas por um cheirinho de Jon Bon Jovi. Como é que lida com toda esta realidade pública?
À nossa maneira, todos nós, que vivemos deste negócio, temos de lidar com isso de uma ou outra forma. É engraçado ser o menino bonito durante um instante, mas, depois, é preciso ter a qualidade por trás da imagem, porque a imagem há muito que esmoreceu. E sem a música não haveria longevidade, não teríamos a oportunidade de o fazer 25 anos depois.
Continuam a divertir-se em palco?
Muito. Gosto de cantar quando estou saudável e contente por estar em palco. Há sacrifícios que temos que fazer. Por exemplo, enquanto vocês preparavam o equipamento, fui a correr lá acima para ligar para casa por um minuto e perguntar se está tudo bem. Amanhã, ligo da Alemanha, esse é o tipo de sacrifício que temos que fazer. Isso não é fácil, mas é o meu trabalho. Há muitos comerciantes, soldados e músicos que têm que o fazer e esse é um dos aspectos negativos: as viagens, o "jet lag", mais um quarto de hotel...
Como é que vocês, como banda, olham agora para o novo álbum, que inclui um documentário?
Esta convergência de material - o documentário, o livro e o álbum - parece um plano brilhante para juntar tudo, mas, na realidade, foi uma série de erros. Porque, na verdade, era suposto fazermos um "greatest hits" para acompanhar o documentário. Mas porque o Mundo mudou tanto durante o ano passado, começámos a escrever em tempo real o que ia acontecendo. Por isso, decidimos fazer um álbum de estúdio em vez do "greatest hits". Se tivéssemos lançado o documentário posteriormente, este ia parecer desactualizado. Por isso, lançamos tudo simultaneamente. O que foi bom porque as pessoas parecem estar a responder muito positivamente ao álbum e ao documentário como uma peça única e é uma espécie de um pilar que representa o que fomos e para onde vamos.
No documentário, descreve-se como um director de uma multi-nacional que gere uma marca há 25 anos - uma visão pouco comum no mundo artístico. Esta atitude é reveladora de uma banda diferente do comum?
Qualquer banda que chegou a este nível e que existe há alguns anos, qualquer banda que produz álbuns e faz digressões tem que funcionar como um negócio. A arte é o álbum em si, nós escrevemos um álbum e essa é a arte. Depois, é preciso apresentá-lo e esse é o negócio da arte. Mas sem a arte não há negócio, é preciso ter alguma coisa de que falar. É como se fizéssemos sapatos ou pizzas, ao fim e ao cabo, temos um negócio a gerir.
Mas é uma coisa que lhe dê prazer, essa parte comercial?
Sim, é parte do que fazemos. Se lhe dissesse que a parte comercial não me interessa, das duas uma: ou estaria mentindo ou seria palerma. Há um aspecto do mundo da música que é um negócio e é preciso promover a venda de um álbum e é preciso trabalhar para que possamos continuar a fazer música.
Como é que o processo criativo evolui com a idade? Continuam a sentir a necessidade de, de tantos em tantos anos, ir para o estúdio e gravar?
No que respeita a questões técnicas, é mais fácil. Hoje, sabemos como fazer as coisas e, sim, continuamos a sentir essa necessidade. No que respeita a este álbum em particular, não era suposto fazermos um álbum de estúdio, íamos apenas gravar três temas novos. Quando começamos a escrever, bem, basta manter os olhos e os ouvido atentos e há sempre assuntos sobre os quais escrever. Fomos fazendo dois a três temas de cada vez e acabámos com um novo álbum completo em mãos. No final, o tema estava todo relacionado com uma coisa - a mudança no Mundo. Porque o Bounce, por exemplo, tem dois temas sobre o 11 de Setembro, mas o restante é acerca das nossas vidas na altura. Mas, neste álbum, com a crise global, a vitória de Obama e, depois, as consequências da crise pelo Mundo, fomos escrevendo ao longo de nove meses e ficamos com uma visão mais completa do que estava acontecendo.
Quer isto dizer que vocês se tornaram mais políticos?
Não necessariamente, porque eu não disse: "Política! Política!". Foi uma visão social do que se estava a passar. E uma coisa que aconteceu em Novembro passado foi a eleição de um afro-americano de 47 anos para presidente dos Estados Unidos da América. Isso foi, por si só, importante que chegue.
Fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1427166
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