RIO - Já se vão 15 anos desde que os olhos azuis de Jon Bon Jovi e a coleção de sucessos de sua banda provocaram gritos histéricos na Praça da Apoteose. De lá para cá, o grupo que leva o sobrenome do cantor, fundado em Nova Jersey em 1983, lançou cinco discos de estúdio, um ao vivo, diversos DVDs e coletâneas, vendeu mais alguns milhões de discos (já são mais de 130 milhões ao todo), as Torres Gêmeas caíram, Barack Obama foi eleito presidente dos EUA... E lá vem o Bon Jovi tocar hoje na Apoteose, mesmo lugar onde se apresentou no longínquo ano de 1995 e no mais remoto ainda Hollywood Rock de 1990.
- Realmente, é tempo demais - diz o cantor de 48 anos, de sua casa em Nova York, por telefone. - Mas desta vez conseguimos colocar a América do Sul na turnê. É ótimo tocar naquele mesmo lugar, nossos shows anteriores lá foram maravilhosos.
A vinda ao Brasil (onde a banda já se apresentou em São Paulo, na quarta-feira) é parte da turnê que promove o disco "The circle", o 11 da sua carreira. Depois de um CD de sabor country, "Lost highway", em 2007, eles até pretendiam descansar, mas, segundo Jon, o mundo lhes deu muitos assuntos sobre os quais compor.
- Sempre fomos observadores - diz ele. - Fazemos nossas músicas a partir de fatos que vemos pelo mundo, mas não queremos que elas fiquem datadas, nosso objetivo é fazê-las atemporais e universais, então não usamos nada muito específico. "Keep the faith", de 1992, foi feita por causa das revoltas raciais em Los Angeles, quando Rodney King foi espancado pela polícia, e acabou sendo adotada como hino da Alemanha reunificada.
Um dos sucessos de "The circle", segundo ele, trilhou um caminho parecido.
- "We weren't born to follow" foi composta pensando no povo do Irã e na opressão do regime de Ahmadinejad - revela ele. - No entanto, ela pode muito bem ser vista como uma saudação à eleição de Barack Obama, aqui mesmo nos EUA, um empurrão na "regra" que nos faria manter um velho branco protestante (trocadilho com a espressão W.A.S.P., de Branco Anglo-Saxão Protestante, usada para descrever o americano médio) no poder, e não tentar algo novo.
Apesar de manifestar total apoio a Obama, ele diz que gostaria de ver um pouco mais de ação na Casa Branca.
- É muito difícil administrar os Estados Unidos, principalmente num momento em que a economia não vai bem e o desemprego sobe - diz ele. - Continuo otimista e não acho que ele esteja sentado em seu escritório sem fazer nada, mas queria ver aquele mesmo sujeito da campanha, combativo.
"We weren't born to follow" está no repertório dos shows no Brasil (com abertura da banda gaúcha Fresno), assim como outras de "The circle" ("When we were beautiful", "Work for the working men") e sucessos dos quase 30 anos da banda, como "Born to be my baby", "Bad medicine" e baladas como "I'll be there for you", "Always" e "Wanted dead or alive".
Há mais de duas décadas tocando em estádios pelo mundo, Jon Bon Jovi não é daqueles que sentem falta de uma atmosfera mais intimista.
- Não, não, não, não! - diz, categórico. - Isso é uma grande bobagem. Apenas uma meia dúzia de bandas pelo mundo pode tocar para 50, 60 ou 70 mil pessoas toda noite. Não vou reclamar disso.
Além de cantar e compor a maioria das músicas do grupo (muitas em parceria com o guitarrista Richie Sambora), Jon é a cabeça pensante dos negócios relativos ao Bon Jovi.
- Gosto do aspecto criativo, não sou exatamente um bom administrador - diz ele. - A indústria musical como a conhecíamos acabou, o gênio está fora da garrafa. Agora temos que fazer o máximo para que nosso trabalho seja ouvido. Quando eu era adolescente, tinha que ir até a loja de discos, comprar um LP e voltar para casa para ouvi-lo. Meus filhos compram uma música pela internet em um segundo e no segundo seguinte já estão distraídos com outra coisa. Mas hoje é muito mais fácil descobrir o próximo Bob Dylan, ele pode estar em qualquer lugar.
Fonte: O globo.com
Beijos ♥
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